As razões “de Abril”


Já estamos a meio de abril… de 2011. Por isso não fui o único a ficar espantado com as declarações de Otelo sobre as razões da revolução de 1974… Passo a citar para não me enganar, tal é a novidade (ler no Sol):

Otelo Saraiva de Carvalho lembrou que o movimento dos capitães iniciou-se precisamente por «razões corporativistas», nomeadamente quando «os militares de carreira viram-se de repente ultrapassados nas suas promoções por antigos milicianos que, através de um decreto-lei de um governo desesperado por não ter mais capitães para mandar para a guerra colonial, permite a entrada desses antigos milicianos».«Esses capitães são rapidamente promovidos a majores e ultrapassam os capitães que estavam a dar no duro e tinham quatro anos de curso», adiantou.

Otelo lembra que, «quando tocam nos interesses da oficialidade, ela começa a reagir. Há 37 anos, essa reacção foi o movimento de capitães», que culminou no derrube de um regime com 48 anos.

Eu bem que suspeitava, mas desta vez foi bem claro. Qual interesse de Portugal, qual quê!! Interesses corporativos isso sim. Aliás, bem que se viu nos anos seguintes à revolução; interesses corporativos que levaram a que outras corporações dissessem: se vocês têm, nós também queremos. E como o povo é quem mais ordena, assim foi. Até hoje!!

Porque é que esta gente não se cala? Já agradecemos terem acabado com o anterior regime, reconhecemos os vossos esforços e tal… agora: vão lá gozar as reformas que o ESTADO (ler: todos nós) vos está a pagar. Nem sei porque é que vos perguntam coisas, porque as respostas são sempre anacrónicas, como se quisessem recuperar uma glória e repeti-la indefinidamente.

A verdade sobre a gripe “A”

Ao ler este texto de Teresa Forcades i Vila, monja beneditina do Convento de Montserrat em Barcelona, médica especialista em Medicina Interna e doutorada em Saúde Pública, ninguém pode deixar de se interrogar sobre a capacidade dos seus governantes e autoridades de Saúde Pública do seu país – particularmente Primeiro-Ministro, Ministro da Saúde e Director-Geral de Saúde – sobre a sua honestidade e o seu grau dependência em relação aos grandes laboratórios internacionais.

Fiquei muito impressionado, negativamente claro está, ao ver o Prós e Contras de ontem. O Director Geral de Saúde começou o diálogo por dizer que não estava disposto a debater sobre as questões relacionadas com a gripe, que não estava ali para um “prós e contras”, nem da vacina, nem dos dados que levaram à situação actual.

Pensei: “se não quer debater é porque não lhe interessa. Se não lhe interessa é porque há alguma coisa a esconder.”

Eu entrei em contacto com o programa durante a tarde do dia de ontem, enviando o texto e o vídeo que reproduzo neste post. Eles responderam-me perguntando se era profissional de saúde que pudesse corroborar a informação aqui presente. Com pena minha, não sou. Pelo que afirmou a Fátima Campos Ferreira, não foi possível encontrar nenhum médico ou investigador que se disponibilizasse para dar a cara por uma opinião divergente daquela que é defendida pela DGS e pelos médicos presentes no programa. Ou seja, o programa de ontem foi uma continuação da informação que já temos recebido. Nada de novo, sem espaço para informações novas.

Para além disto o Sr. Director Geral de Saúde ainda apelidou de “malucos” todos os que vão contra as suas indicações, que não têm base científica para dizer o que dizem, etc, etc. Referiu-se a Teresa Forcades como “uma freira que julga que é médica”… enfim… Confirmem as referências e cada um julgue por si.

O que aqui reproduzo é a informação científica mais clara que recebi até agora, muito mais fundamentada do que as opiniões que nos chegam pelos responsáveis da nossa saúde pública.

 

 

Teresa Forcades i Vila* – 11.10.09
Dados científicos

Os dois primeiros casos conhecidos da nova gripe (vírus A/H1N1, estirpe S-OIV) diagnosticaram-se na Califórnia (EUA) no dia 17 de Abril de 2009 [1].

A nova gripe não é nova por ser do tipo A, nem tampouco por ser do subtipo H1N1: a epidemia de gripe de 1918 foi do tipo A/H1N1 e desde 1977 os vírus A/H1N1 fazem parte da época da gripe anual [2]; a única coisa que é nova é a estirpe S-OIV [3] [4].

Cerca de 33% das pessoas maiores de 60 anos parecem ter imunidade a este tipo de vírus da nova gripe [5].

Desde o seu início até 15 de Setembro de 2009, morreram com esta gripe 137 pessoas na Europa e 3.559 em todo o mundo [6]; há que ter em atenção que anualmente morrem na Europa entre 40.000 e 220.000 pessoas devido à gripe [7].

Como já disseram publicamente reconhecidos profissionais de saúde – entre eles o Dr. Bernard Debré (membro do Conselho Nacional de Ética em França) e o Dr. Juan José Rodriguez Sendin (presidente da Associação de Colégios Médicos do Estado espanhol) –, os dados desta temporada, pela qual já passaram os países do hemisfério Sul, demonstram que a taxa de mortalidade e de complicações da nova gripe é inferior à da gripe anual [8].

Irregularidades que têm de ser explicadas

Em finais de Janeiro de 2009, a filial austríaca da empresa farmacêutica norte-americana Baxter distribuiu a 16 laboratórios da Áustria, Alemanha, República Checa e Eslovénia, 72 kg de material para preparar vacinas contra o vírus da gripe anual; as vacinas tinham de ser administradas à população destes países durante os meses de Fevereiro e Março; antes que qualquer destas vacinas fosse administrada, um técnico de laboratório da empresa BioTest da República Checa decidiu, por sua conta, experimentar as vacinas em furões, que são os animais que desde 1918 são utilizados para estudar as vacinas para a gripe; todos os furões vacinados morreram.

Investigou-se então em que consistia exactamente o material enviado pela casa Baxter e descobriu-se que continha vírus vivos da gripe das aves (vírus A/H5N1) combinados com vírus vivos da gripe anual (vírus A/H3N2). Se esta contaminação não tivesse sido descoberta a tempo, a pandemia que, sem base real, as autoridades sanitárias globais (OMS) e nacionais estão a anunciar, seria agora uma espantosa realidade; esta combinação de vírus vivos pode ser particularmente letal porque combina um vírus vivo com cerca de 60% de mortalidade mas pouco contagioso (o vírus da gripe das aves) com um outro que tem uma mortalidade muito baixa mas com uma grande capacidade de contágio (o vírus da gripe sazonal) [9].

Em 29 de Abril de 2009, quando apenas tinham passado 12 dias sobre a detecção dos dois primeiros casos da nova gripe, a Drª Margaret Chan, directora-geral da OMS, declarou que o nível de alerta por perigo de pandemia se encontrava na fase 5 e mandou que todos os governos dos Estados membros da OMS activassem planos de emergência e de alerta sanitária máxima; um mês mais tarde, 11 de Junho de 2009, a Drª Chan declarou que no mundo já tínhamos uma pandemia (fase 6) causada pelo vírus A/H1N1 S-OIV [10]. Como pode fazer tal declaração quando, de acordo com os dados científicos expostos acima, a nova gripe é uma realidade mais benigna que a gripe sazonal e, além disso, não é um vírus novo e ao qual parte da humanidade está imune?

Pôde declará-lo porque no mês de Maio a OMS tinha alterado a definição de pandemia: antes de Maio de 2009 para poder ser declarada uma pandemia era necessário que por causa de um agente infeccioso morresse uma proporção significativa da população. Esta exigência – que é a única que dá sentido à noção clínica de pandemia e às medidas políticas que lhe estão associadas – foi eliminada da definição adoptada no mês de Maio de 2009 [11], depois dos EUA se terem declarado em «estado de emergência sanitária nacional», quando em todo o país havia apenas 20 pessoas infectadas com a nova gripe, e nenhuma delas tinha morrido [12].

Consequências políticas da declaração de «pandemia»

No contexto de uma pandemia é possível declarar a vacinação obrigatória para determinados grupos de pessoas ou, inclusivamente, para o conjunto dos cidadãos [13].

O que é que pode acontecer a uma pessoa que decida não se vacinar? Enquanto a vacinação não for declarada obrigatória não lhe pode acontecer nada; mas se chegasse a declarar-se a vacinação obrigatória, o Estado tem a obrigação de fazer cumprir a lei impondo multa ou prisão (no estado de Massachussetts dos EUA a multa para estes caso pode chegar a 1.000 dólares por cada dia que passe sem o prevaricador se vacinar) [14].

Perante isto, há quem possa pensar: se me obrigam, vacino-me e já está, a vacina é mais ou menos como a sazonal, também não há para todos…

É preciso que se saiba que há três novidades que fazem com que a vacina da nova gripe seja diferente da vacina da gripe anual: a primeira é que a maioria dos laboratórios estão a desenhar a vacina de forma que uma só injecção não seja suficiente e sejam necessárias duas; a OMS recomenda também que não se deixe de administrar a da gripe sazonal; quem seguir estas recomendações da OMS expõe-se a ser infectado três vezes e isto é uma novidade que, teoricamente, multiplica por três os possíveis efeitos secundários, embora na realidade ninguém saiba que efeitos pode causar, pois nunca antes se fez assim. A segunda novidade é que alguns dos laboratórios responsáveis pela vacina decidiram adicionar-lhe coadjuvantes mais potentes que os utilizados até agora nas vacinas anuais. Os coadjuvantes são substâncias que se adicionam às vacinas para estimular o sistema imunitário. A vacina da nova gripe que está a ser fabricada pelo laboratório Glaxo-Smith-Kline, por exemplo, contém um coadjuvante, AS03, uma combinação que multiplica por dez a resposta imunitária. O problema é que ninguém pode assegurar que este estímulo artificial do sistema imunitário não provoque, passado algum tempo, doenças auto-imunitárias graves, como a paralisia crescente de Guillain-Barré [15]. E a terceira novidade que distingue a vacina para a nova gripe da vacina anual, é que as companhias farmacêuticas que a fabricam estão a exigir que os Estados assinem acordos que lhes garantam a impunidade no caso das vacinas terem mais efeitos secundários que os previstos (por exemplo prevê-se que a paralisia Guillain-Barré venha a afectar 10 pessoas por cada milhão de vacinados); os EUA já assinaram estes acordos que garantem, tanto às farmacêuticas como aos políticos, a retirada de responsabilidade pelos possíveis efeitos secundários da vacina [16].

Uma reflexão

Se o envio de material contaminado fabricado pela Baxter não tivesse sido casualmente descoberto em Janeiro passado, efectivamente, ter-se-ia dado a gravíssima pandemia potencialmente causadora da morte de milhões de pessoas que alguns andam a anunciar. É inexplicável a falta de ressonância política e mediática do que aconteceu em Fevereiro no laboratório checo. Ainda mais inexplicável o grau de irresponsabilidade demonstrado pela OMS, pelos governos, pelas agências de controlo e prevenção de doenças ao declarar uma pandemia e promover um nível de alerta sanitário máximo sem uma base real. É irresponsável e inexplicável até extremos inconcebíveis o bilionário investimento saído do erário público destinado ao fabrico milhões e milhões de doses de vacina contra uma pandemia inexistente, ao mesmo tempo que não há dinheiro suficiente para ajudar milhões de pessoas (mais de 5 milhões só nos EUA) que por causa da crise perderam o seu trabalho e a sua casa.

Enquanto não forem clarificados estes factos, o risco de este Inverno serem distribuídas vacinas contaminadas e o risco de poderem ser adoptadas medidas legais coercivas para forçar a vacinação, são riscos reais que em caso algum podem ser desvalorizados.

No caso da gripe continuar tão benigna como até agora, não faz qualquer sentido a exposição ao risco de receber uma vacina contaminada ou o de sofrer uma paralisia Guillain-Barré.

No caso de a gripe se agravar de forma inesperada, como já há meses anunciam sem qualquer base científica um número surpreendente de altos dirigentes – entre eles a Directora-Geral da OMS –, e repentinamente, começarem a morrer muito mais pessoas do que é habitual, ainda terá menos sentido deixar-se pressionar para ser vacinado, porque uma surpresa assim só poderá significar duas coisas:

1. Que o vírus da gripe A que agora circula sofreu uma mutação;
2. Que está em circulação outro (ou outros) vírus.

Em qualquer dos casos a vacina que se está a preparar agora não serviria para nada e, tendo em conta o que aconteceu em Janeiro passado com a Baxter, podia ser, inclusivamente, que servisse de veículo de transmissão da doença.

Uma proposta

A minha proposta é clara:

Além de manter a calma, tomar precauções sensatas para evitar o contágio e não se deixar vacinar, coisa que já se propõem muitas pessoas com senso comum no nosso país [Espanha].

Apelo a que se active com carácter de urgência os mecanismos legais e de participação cidadã necessários para assegurar de forma rotunda que no nosso país não se poderá forçar ninguém a vacinar-se contra a sua vontade, e que os que decidirem livremente vacinar-se não serão privados do direito de exigir responsabilidades nem do direito de serem economicamente compensados (eles ou os seus familiares), no caso de a vacina lhes causar uma doença grave ou a morte.

Notas:

[1] Zimmer SM, Burke, DS. Historical Perspective: Emergence of Influenza A (H1N1) viruses. NEJM, Julio 16, 2009. p. 279
[2] ‘The reemergence was probably an accidental release from a laboratory source in the setting of waning population immunity to H1 and N1 antigens’, Zimmer, Burke, op. cit., p. 282
[3] Zimmer, Bunker, op. cit., p. 279
[4] Doshi, Peter. Calibrated response to emerging infections. BMJ 2009;339:b3471
[5] US Centers for Disease Control and Prevention. Serum cross-reactive antibody response to a novel influenza A (H1N1) virus after vaccination with seasonal influenza vaccine. MMWR 2009; 58: 521-4.
[6] Dados oficiais do Centro Europeu para o controlo e prevenção de doenças (www.ecdc.europa.eu).
[7] Dados oficiais do Centro Europeu para o controlo e prevenção de doenças (www.ecdc.europa.eu)
[8] Cf. Le Journal du Dimanche (25 juliol ’09): Debré: ‘Cette grippe n’est pas dangereuse’; cf. La Razón (4 septiembre ’09): Rodríguez Sendín: Cordura frente el alarmismo en la prevención de la gripe A
[9] Cf. Virus mix-up by lab could have resulted in pandemic. The Times of India, sección de ciencia, 6 marzo 2009.
[10] http://www.who.int/mediacentre/news/statements/2009
[11] Cohen E. When a pandemic isn’t a pandemic. CNN, 4 de mayo ’09.http://edition.cnn.com/2009/HEALTH/05/04/swine.flu.pandemic/index.html
[12] Doshi Peter Calibrated response to emerging infections VMJ 2009;339:b3471
[13] Falkiner, Keith. Get the rushed flu jab or be jailed. Irish Star Sunday, 13 septiembre ’09.
[14] Senate Bill n. 2028: An act relative to pandemic and disaster preparation and response in the commonwealth. 4 agosto ’09. Cf. Moore, RT. Critics rage as state prepares for flu pandemic. 11 septiembre ’09. WBUR Boston.
[15] Cf. Vaccination H1N1: méfiance des infirmières. www.syndicat-infirmier.com/Vaccination-H1N1-mefiance-des.htlm
[16] Stobbe, Mark. Legal immunity set for swine flu vaccine makers. Associated Press, 17 Julio ’09.

Texto publicado no sítio da Coordenadora Antiprivatização de Saúde Pública, Madrid, (www.casmadrid.org), em Setembro de 2009.

* Teresa Forcades i Vila, monja beneditina do Mosteiro de San Benedito em Montserrat, Barcelona, é doutorada em Saúde Pública, especialista em Medicina Interna pela Universidade de Nova Iorque, autora entre outros livros de «Los crimines de las grandes compañias farmaceuticas».

Earth hour

Uma simples e eficaz iniciativa:  a hora do planeta. Porque não participar?

Mais informação em Hora do Planeta 

Em Portugal várias cidades aderiram a esta iniciativa. Às 20h30 de hoje, muitos dos monumentos de Lisboa, Tomar, Águeda, Almeirim, Guimarães,Coimbra, Vila Nova de Famalicão e Funchal ficarão às escuras por 60 minutos.

Ainda o tema do preservativo

Agora D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, a dar a visão mais pastoral, e correcta quanto a mim, sobre o tema. Artigo publicado hoje no Diário de Notícias.

 

Ilídio Leandro admite, no mensagem da Quaresma que tem no ‘site’ da Diocese de Viseu, que os  infectados com sida devem usar contracepção para evitar a transmissão. “Não tenho medo de polémicas”, diz.

Miguel Oliveira da Silva considera que a Igreja deve admitir o uso de protecção para os infectados com sida, uma doença que afecta 33 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas, assegura que “com este Papa não vai haver modificações nenhumas quanto ao uso do preservativo”.

O bispo de Viseu defende o uso do preservativo em pessoas infectadas com a sida. Na mensagem da quaresma, publicada no site da internet da Diocese de Viseu, Ilídio Leandro lembra que “a pessoa que não prescinde de uma relação sexual é moralmente obrigada a não transmitir a doença, com preservativo, meio que evita essa propagação”. Ao DN o bispo garante não ter medo de polémicas e assume a sua posição como de “unidade” em relação à doutrina da Igreja Católica. Apesar desta postura, o bispo de Viseu sublinha estar ao lado do Papa – que defende a abstinência sexual para evitar a propagação da doença. “O Papa, quando fala da sida ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos”, recorda o bispo, acrescentando: o Papa “não podia dizer outra coisa, enquanto chefe da igreja”.

Isto, referindo-se às palavras de Bento XVI na visita que fez a África, de que o problema da sida naquele continente (onde há 20 milhões de infectados) não se resolve com preservativos.

Ilídio Leandro salienta que “uma coisa é a lei geral e a orientação da Igreja sobre determinados comportamentos, a nível de tese e outra coisa é o acompanhamento de pessoas e questões concretas”.

O bispo de Viseu assume não ter “medo, reserva mental ou hipocrisia” para “admitir esta doutrina”. E garante estar preparado para as reacções a uma posição que divide a Igreja. Há bispos, como D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que se recusam a comentar o tema. Mas há outros, como o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que – depois de o Papa ter criticado em África o uso da contracepção – considerou que “proibir o preservativo é consentir na morte de muitas pessoas”

Questionado sobre o peso das suas afirmações Ilídio Leandro é claro: “Não tenho medo de polémicas”. E lembra que a posição que defende é a de “um servidor que não pode alhear-se do seu povo”.

Crítico daqueles que contestaram as afirmações de Bento XVI, o bispo de Viseu aponta ainda o dedo a quem “não sabe interpretar as diferenças entre valores e princípios gerais, por um lado, e situações concretas e pessoais, por outro”, e acusa-os de serem “donos ou correias de transmissão de interesses económicos e políticos”.

O bispo realça, por outro lado, que “a promoção de valores cristãos não esmaga a pessoa concreta, em situações muito individuais” antes “dá a mão com paciência, tolerância e compreensão, indo até onde for possível para nunca abandonar a pessoa”. 

A verdade

Vamos lá a pôr um pouco de rigor no que disse o Papa sobre o uso do preservativo e o que dizem as investigações científicas. O que impressiona no meio disto tudo é ficar-se pela superfície da questão e criticar por criticar, esterilmente.

Do Director do Projecto de Estudos sobre Prevenção do S.I.D.A. de Harvard: Afirmações do Papa acerca da distribuição do preservativo tornar a epidemia de S.I.D.A. pior estão correctas

Por John –Henry Westen

19 de Março de 2009  – Edward C. Green, Director do Projecto de Estudos sobre a Prevenção do S.I.D.A.  do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento de Harvard, afirmou que a evidência corrobora as afirmações do Papa ao declarar que a distribuição de preservativos  piora o problema do S.I.D.A.

 “O Papa está certo”, afirmou Green ao National Review Online na passada Quarta-feira,”ou, melhor dizendo, as nossas melhores conclusões vão ao encontro dos comentários do Papa.”

“Existe”, acrescentou Green, “ um paralelo consistente que mostram os nossos estudos, incluindo a “Demographic Health Surveys”, fundada pelos Estados Unidos, entre uma maior disponibilidade e uso de preservativos e uma maior – não menor – incidência de infecções pelo vírus HIV. Isto pode dar-se devido ao fenómeno conhecido por “compensação de risco”, significando que quando a população utiliza uma tecnologia de redução de risco como o preservativo, muitas vezes essa mesma população perde o benefício da redução desse risco ao “compensar”, arriscando-se mais do que faria sem essa tecnologia. 

A Pagina Electrónica do Projecto do S.I.D.A. sobre Green menciona o seu livro “Repensar a Prevenção do S.I.D.A.: Aprendendo com os Sucesso de Países em Desenvolvimento”. Nele Green revela que “ As soluções, na sua maioria médicas, fundadas pelos grandes doadores tiveram pouco impacto em África. Em compensação, mudanças de comportamento relativamente simples e de baixo custo – como insistindo numa crescente monogamia e no adiamento da actividade sexual para os mais novos – têm tido maior sucesso na luta contra a doença e na sua prevenção.”

Ler entrevista completa no National Review: From Saint Peter’s Square to Harvard Square

O texto completo da conversa entre o Papa e o jornalista

O texto completo da troca de impressões entre o Papa Bento XVI e o repórter, texto esse que lançou uma tempestade na imprensa mundial, foi divulgado agora pela imprensa do Vaticano.

O Papa foi confrontado com a seguinte questão: “ Santo Padre, um dos maiores flagelos de África é o problema da epidemia de S.I.D.A.. A posição da Igreja Católica  na luta contra este mal tem sido frequentemente considerada irrealista e ineficaz.”

Bento XVI respondeu: “ Eu diria o contrário.

“Estou convencido de que a presença mais efectiva na frente de batalha contra o HIV/S.I.D.A. são, precisamente, a Igreja Católica e as suas instituições. Penso por exemplo na Comunidade de Santo Egídio, que tanto faz e tão visivelmente na luta contra o S.I.D.A; ou nas Camillianas, só para mencionar algumas das freiras que estão ao serviço dos doentes.

Penso que este problema, o S.I.D.A., não pode ser vencido com slogans de propaganda. Se falta a alma, se os Africanos não se entre ajudarem, o flagelo não pode ser resolvido com a distribuição do preservativo; pelo contrário, arriscamo-nos a piorar a situação. A solução só pode advir de um compromisso duplo: primeiro, na humanização da sexualidade, ou por outras palavras, num renovamento espiritual e humano que traga consigo uma nova forma de proceder uns para com os outros. E em segundo lugar, num amor autêntico para com os que sofrem, numa prontidão – mesmo à custa de sacrifício pessoal – para estar presente aos que padecem. São estes os factores que podem trazer o progresso, real e visível.

Assim, eu diria que o nosso esforço deve ser o de renovar a pessoa humana por dentro, o de dar-lhe força espiritual e humana para uma forma de comportamento justa para com o seu corpo e o corpo do outro; e ainda  o de ajudá-la a ser capaz de sofrer com os que sofrem e de estar presente nas situações difíceis.

Acredito que é esta a primeira resposta ao problema do S.I.D.A., que é esta a resposta da Igreja e que, deste modo, a sua contribuição é uma grande contribuição. E estamos gratos a todos os que assim contribuem.”

Veja as credenciais impressionantes e a lista de publicações do Dr. Green em http://www.harvardaidsprp.org/faculty-staff/edward-c-green-bio.html

Sobre o inexplicável da natureza humana

Um artigo “a frio” no JN. Uma tentativa de reflexão e de ir mais além dos impactos e julgamentos iniciais. Interessante.

O drama dos pais que matam acidentalmente

Em menos de uma semana, Portugal trouxe às páginas dos jornais seis acidentes graves com crianças. Todos tristes, todos absolutamente trágicos. Mas na memória colectiva – em silêncio – permanece um, pela amargura dos seus contornos. Um pai, como qualquer outro pai, esqueceu o seu bebé dentro do carro.

Horas depois, deparou-se com o pior cenário que um pai pode enfrentar, que se estende sob a acusação surda de uma sociedade inteira.Nos cafés, no mercado, numa qualquer repartição pública, nas escolas, na televisão, não faltaram logo opiniões completamente formadas, fechadas e “perfeitas” sobre o sucedido. Parecia que dentro de quem opinava o caso tinha que ser resolvido e afastado com carácter de urgência.

Explicam os especialistas que, na impossibilidade de integrarmos um determinado acontecimento no nosso sistema, buscamos uma resposta rápida para fecharmos o ciclo. De facto, o que não faltou foi rapidez e de tudo se ouviu. Ouviu-se que “não estamos livres que nos aconteça, porque também somos pais” e ouviu-se que “àquele pai faltava-lhe o vínculo de amor”. Houve mesmo quem questionasse a razão pela qual a sua mulher não o largou. Para uns vítima, para outros algoz.

Assim, imediatamente. Tudo para fecharmos o ciclo e avançarmos com a nossa vida que, pensamos nós, está distante dessas tragédias. Avisam os especialistas que não é assim, que somos humanos e que nunca nada está completamente controlado. Portanto, à pergunta ‘como pode um pai (ou uma mãe) esquecer-se de um filho dentro de um carro?’ segue-se uma outra para fazer devagar: poderá isto acontecer a qualquer um de nós?. E, já agora, será um drama desta natureza, individual e com contornos únicos e íntimos, apenas um sintoma da vida do protagonista? Ou poderá ser também – além da sua dimensão única e deveras íntima – o sintoma de uma realidade social?

Quando nós entramos em falência…

“Pode. Pode ser um sintoma da nossa realidade social. E dou-lhe o exemplo da radicalização a que chegaram as exigências laborais. Esta radicalização influencia a estrutura familiar e pode potenciar as tragédias, os acidentes”, explicou Manuel Sarmento, sociólogo e membro do Instituto de Estudos da Criança (IEC), da Universidade do Minho. Significa isto que as pessoas andam hoje muito mais cansadas, muito mais preocupadas, a “viverem a um ritmo acelerado, que não é o delas”, pormenoriza Paula Cristina Martins, Psicóloga e também membro do IEC.

A psicóloga alerta para o facto de que “os indivíduos privilegiam os filhos no seu discurso, mas que é o trabalho que as domina, relegando as relações e os afectos para segundo plano”. Não é que gostem menos das suas pessoas e muito menos dos filhos, é só que por imposição da própria vida “têm menos disponibilidade de tempo e menos disponibilidade mental porque estão cansadas”, diz.

Esta radicalização das exigências feitas ao indivíduo cria as condições que propiciam os estados ansiosos. Basicamente, está criada a plataforma para que o nosso aparelho psíquico nos traia, “porque estamos pressionados, debaixo de um quadro de stress”, acrescenta Manuel Coutinho, psicólogo e secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança.

“Quando uma pessoa tem muita pressão sobre ela e a sua atenção está demasiado distribuída podem acontecer acidentes trágicos”, reitera Manuel Coutinho. Não é raro encontrarmos pessoas que estão à procura dos óculos com eles na cabeça, ou que chegam a casa do trabalho sem se lembrarem de nada relativamente ao percurso efectuado. Tudo sinais de cansaço. No fundo, há uma espécie de falência temporária. Quando esta falência se dirige a um filho, pode ser trágica, mas “pode não ter havido negligência consciente”, afirma. “A negligência consciente existe quando os pais facilitam num qualquer comportamento que sabem que poderá vir a ter más consequências”, determina.

Reformulamos, então, a pergunta de partida. Em vez de questionarmos como pôde um pai esquecer-se de um filho no carro, questionarmos apenas por que esqueceu ele o filho no carro.

Quando a memória nos trai

A psicóloga Paula Cristina Martins avança com um exercício. “Imagine, por exemplo, que não é hábito levar o filho ao infantário e que a criança vinha a dormir. Imagine, ainda, que o pai, ou a mãe, estão completamente absortos porque preocupados com uma reunião de trabalho”.

Serve isto para demonstrar que tendo os seres humanos comportamentos automatizados, bastará um quadro de preocupação para não processar a mudança na rotina diária. E, portanto, julgar depressa “é não compreender”, entende o psicólogo Manuel Coutinho. “Aos pais a quem acontece um acidente destes, onde não houve dolo, já basta serem julgados na sua consciência, independentemente de serem julgados no tribunal dos seus países. Um infortúnio destes fica para toda a vida. Nada tem que ver com a ausência de vínculos afectivos, mas com momentos de infortúnio, onde os pais por qualquer motivo, como o excesso de cansaço, baixaram a guarda de forma não intencional”, defende aquele especialista.

A resposta a quem disse, por exemplo, que “estas pessoas não deviam ter filhos” está dada. “Estas pessoas” somos nós, todos nós, “porque todos nós estamos sujeitos a uma falência temporária”, avisa. De facto, as estatísticas de países onde estes casos não são raros indicam que tal acontece a ricos e pobres, a pessoas altamente escolarizadas e a outras pouco qualificadas, a pais mais controladores e aos pais mais permissivos, aos mais preocupados e aos mais distraídos, aos mais inseguros, aos mais equilibrados e aos que pensam que são perfeitos e que têm sempre um conselho e uma sentença na ponta da língua. Nos Estados Unidos da América, país onde um caso destes sucede entre 15 a 25 vezes por ano, já aconteceu a um militar, a uma assistente social, a um clérigo protestante, a uma enfermeira, a um professor universitário, a um cientista, a uma pediatra, bem como a um trabalhador dos correios, a um electricista a um cozinheiro, enfim, a gente de todos os feitios e de todos os tipos sócio-económicos.

À pergunta: ‘poderá isto acontecer a qualquer um de nós?’, Manuel Coutinho responde categoricamente. “sim, por isso é muito importante estar alerta o mais possível, porque às vezes toda a vigilância é pouca, já que numa fracção de segundos, pode acontecer uma tragédia”.

A visibilidade da infância

E sobre tragédias que envolveram crianças intensificaram-se as notícias em Portugal, nos últimos cinco anos. Realidade extensiva a toda a Europa, de resto. Esta visibilidade centra-se nos acidentes, que é a segunda causa de morte na infância; nas notícias sobre maus-tratos, em larga medida devido ao trabalho de sensibilização das comissões de protecção de menores; e na pobreza infantil, que os relatórios da Eurostat revelam estar a aumentar.

“Esta visibilidade é paradoxal. As crianças passam a ser visíveis quando são menos, isto é, nasceram menos um milhão de crianças entre 1981 e 2005 do que até então. Do ponto de vista demográfico isto é muito importante pelas suas consequências. Portanto, obrigatoriamente começou a dar-se visibilidade à infância. A outra grande razão desta visibilidade prende-se com o aprofundamento, no século XX, desta concepção de que a criança é um sujeito de direitos”, informou o sociólogo Manuel Sarmento. Ou seja, quando a lei consagra que a criança é um sujeito de direitos e a realidade demonstra que está cada vez mais pobre, por exemplo, colocam-se os olhos na infância. Resumidamente, a criança passa a ser tema pelo lado mais crítico.

“Sim, é uma visibilidade parcial, que assenta precisamente no lado crítico. É o observar a ruptura existente entre o que é esperado e a realidade social. Tudo, porque no fundo, nós temos a esperança que a criança seja o futuro da humanidade, e em Portugal que consiga representar um país mais emancipado”, explica o sociólogo. Esta ideia de futuro está ligada à ideia de renascimento social, sobretudo na sequência das duas grandes guerras.

Mas, se por um lado, a infância tem cada vez mais visibilidade, por outro lado nem sempre é tratada como deveria. As exigências da sociedade quotidiana não deixam grande tempo para que a família se aperceba do ritmo a que os comportamentos da infância se alteram e da forma como esta se relaciona como Mundo. Os pais estão submersos num mundo de exigências laborais que fomentam, muitas vezes, a corrosão de carácter. Essa instabilidade influencia directamente a estabilidade familiar. Por isso, de facto, a pressão a que o sujeito se sente submetido – o facto de se sentir dominado pelo trabalho, que é o seu ganha-pão para sustentar os filhos que ama – pode potenciar o cansaço e a desatenção.

Como lidar com a tragédia

O cansaço e a atenção muito distribuída são os detonadores de uma eventual tragédia, de um acidente onde não houve negligência consciente. “Quando esta acontece, o pai ou a mãe em causa vai sofrer de forma tenebrosa o resto da vida. É algo muito pesado aceitar o facto de a responsabilidade do que sucedeu ser sua”, resume a psicóloga Paula Cristina Martins, acrescentando que “o protagonista de um drama destes precisa de todo o apoio terapêutico”.

“Um pai a quem acontece uma coisas destas vai ter um processo de luto agravado pelo sentimento de culpa, tem que ser ajudado através da psicoterapia”, avança o psiquiatra Daniel Sampaio. Apesar de este pai viver com a memória do que aconteceu a vida toda, ele pode com o tempo encontrar alento para viver.

A primeira coisa que um especialista fará no acompanhamento a este pai é “tentar perceber os seus mecanismos habituais de defesa para, num segundo passo, reforçá-los”, explica o psiquiatra. Um terceiro passo será tentar encontrar na vida daquela pessoa uma motivação para viver o melhor possível.

“No caso de haver já outros filhos, convém não transportarem para eles nada do que possa acontecer, ou seja, não terem comportamentos de super-protecção. Por outro lado, convém não virem a ter outro bebé nos próximos dois anos, para que este não seja encarado, ainda que inconscientemente, como um substituto”, adverte ainda este psiquiatra.

Por outro lado, o outro cônjuge, a sofrer um trauma duplo, pela morte do filho e pelo facto de tal ter acontecido sob responsabilidade de quem também ama, precisa, igualmente, de todo o apoio. “O casal precisa de apoio e precisa de conversar muito. É importante que este cônjuge não culpabilize o outro”, termina Daniel Sampaio.

Uma coisa para nos animar

Um excelente e surpreendente exemplo da Orquestra Sinfónica de Kinshasa

O poder de síntese

Esta não posso deixar de transcrever. Ainda do Dr. Medina Carreira.

Mário Crespo: “O Sr. já pensou num novo partido?”

Medina Carreira: “Já três pessoas me convidaram.”

[silêncio]

Mário Crespo: “E?”

Medina Carreira: “E eu disse que casas de mulheres de má vida já há muitas.”

Mário Crespo: [gargalhada controlada] …[entre risos] “O Sr. tem um poder de síntese!”

Entrevista de Medina Carreira

Como sempre, o Dr. Medina Carreira, entrevistado pelo Mário Crespo, a dizer as verdades sem “papas na língua” e politicamente incorrecto, como é necessário hoje em dia para poder dizer o que se tem que dizer.

Algumas frases, razões mais que suficientes para o ouvir na íntegra:

O PSD e o PS têm uma clientela… os partidos políticos são basicamente bancos alimentares.

Estes partidos têm de viver na manjedoura estadual e portanto não se faz nada que ponha ordem neste país.

Estamos ao mesmo nível [de crescimento económico] dos últimos anos da monarquia. Desde o golpe do 5 de outubro, tirando o período da I guerra, nunca a economia foi tão rasteira como agora. E é daqui que vem o dinheiro, da economia.

Nós estamos a endividar-nos a 48M€/dia. Vê este país viver bem? Vê as populações satisfeitas? Vê a economia a crescer? Não vê. 

A empobrecimento rápido do país junta-se a imoralidade das elites.

Eu hoje sou anti-maioria absoluta. A maioria absoluta é uma coisa excelente para gente competente, para gente sensata, para gente humilde. Este governo não tem nenhuma característica destas.

 

 

Mas porque é que os estrangeiros não vêm?

Alemães explicam por que é tão difícil criar empresas em Portugal.

As empresas alemãs em Portugal apontam as«condições e hábitos de pagamento», a«eficiência da administração pública», e o«direito laboral e sindicatos» como os três factores mais problemáticos para se localizarem no nosso país.

A ler no Sol.