Deus Caritas Est

“Nós cremos no amor de Deus — deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.”[1]

Sei que muitos pensarão que a palavra amor é usada em muitos contextos e para explicar muitas coisas diferentes. Sim, eu sei. De todas as formas prefiro correr esse risco. Identificar totalmente Deus com o Amor simplifica e, ao mesmo tempo, leva-nos ao essencial.   

O mundo em que vivemos leva-nos, muitas vezes, a duvidar do amor – será que existe mesmo? terá alguma força sobre o mal? podemos fazer algum bem? não será tudo em vão? quando é que finalmente poderemos ver o amor triunfar e viveremos em paz? E não quero referir-me ao mundo que vemos nas notícias – sim, esse mesmo, díspar, paradoxal, sem-sentido, em que tudo nos aparece lado-a-lado, tudo com a mesma importância -, mas sim ao mundo interior, ao mundo que cada um de nós é. Esse mundo conforma a realidade de cada um e, ao mesmo tempo, é conformado por ela.

Não é possível falar de amor em abstracto. O amor precisa sempre de uma pessoa. Sempre. Precisa de alguém a quem amar. Precisa de outro. Eu não amo simplesmente. Eu amo alguém. O amor é concreto; conhece ou quer conhecer profundamente aquele que é amado. Só o amor pode realmente transformar a realidade, porque é o único que quer sempre e sem reservas o bem do outro. É aquele que vive sempre des-centrado, ou melhor, centrado na pessoa amada.

Num tempo cheio de avanços no conhecimento, na ciência, na tecnologia, podemos reconhecer que “crescemos em muitos aspectos, mas somos analfabetos no acompanhar, cuidar e sustentar os mais frágeis e vulneráveis das nossas sociedades desenvolvidas. Habituamo-nos a olhar para o outro lado, passar à margem, ignorar as situações até elas nos caírem directamente em cima.”[2]


[1] Deus Caritas Est, 1; Papa Bento XVI

[2] Fratelli Tutti, 64; Papa Francisco

Eu sou sempre diferente de mim próprio

Há algumas coisas que são constantes em todas as pessoas. Uma delas é a mudança. Mesmo para quem diz que tudo está na mesma e não há novidades. A mudança acontece permanentemente, visível ou invisível. A mudança biológica – que, embora por vezes gostássemos, não é possível parar – transforma-nos a cada momento e a prazo essa transformação é muito evidente.

Escolhemos chamar a este processo envelhecer. Esta mudança é como que um aviso permanente para prestarmos atenção a todas as outras mudanças que acontecem em nós e à nossa volta. Algumas mudanças são escolhidas, outras são recebidas, algumas impostas, outras são consequência de opções anteriores. O que é importante reconhecer é que eu sou um ser em mudança; apesar de a minha identidade ser sempre a mesma eu sou sempre diferente de mim próprio.

quotes change - Karati.ald2014.org

Um par de calças?

Eis que chega o momento de, neste tão-pouco-relevante-espaço, efectuar um pouco de serviço público. Ora vamos lá então.

Sei que esta é uma pergunta que vos atormenta desde antanho: porque é que dizemos um par de calças e um par de cuecas? Mas é ou não uma só peça de roupa? Então dizemos que é um par mas não é? Mau.

Posso dizer-vos o seguinte: dizemos um par de calças porque originalmente eram mesmo um par. Reparai.

Quando os romanos – que não usavam nem meias nem calças – foram para climas mais frios aprenderam com os germanos a vestir umas “meias” que designaram com a mesma palavra que usavam para o calçado: calcea. Com o passar do tempo foram ficando mais compridas até cobrir dos pés à cintura.

No séc XVI dividiram-se em duas partes: a parte de cima até às coxas manteve o nome “calças” e a parte de baixo ficou como “meia calça” e depois só meia.

Pronto, não é necessário agradecer de forma tão veemente. Vão p’ra dentro.

Extraordinariamente útil fonte: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

happy new day

Estes dias de transição de ano levam-me sempre a reflexões. Talvez a maioria seja inútil e, portanto, uma perda de tempo. O que foi… o que está a ser… o que quero que seja… Sei para onde vou? Que passos tenho que dar?… Não vou aborrecer-vos com todas as perguntas que assolam a minha mente.

No fim de contas, o que realmente importa é o que faço todos os dias. É isso que me transforma efectivamente. E comigo transforma-se a minha realidade, aquilo que vivo cada dia.

E as minhas escolhas diárias vão levar-me na direcção… definida pelas minhas escolhas diárias! Não na direcção dos meus grandes sonhos, os – benditos? – propósitos, desenhados num dia em que, com muita esperança, toda a iluminação está sobre a minha mente e espírito.

Agora – claro -, as minhas escolhas diárias podem estar consistentemente alinhadas com o que eu quero atingir, com o que quero viver. Claro que sim.

Mas é aí, todos os dias, na ordinariedade, que o extraordinário nasce. O primeiro dia é cada dia. Tenho hoje para ser o que quero ser. Depois, é a consistência, ou a falta dela, que produz os resultados.

happy new day!

Beware of darkness

Watch out now, take care
Beware of falling swingers
Dropping all around you
The pain that often mingles
In your fingertips
Beware of darkness

Watch out now, take care
Beware of the thoughts that linger
Winding up inside your head
The hopelessness around you
In the dead of night
Beware of sadness

It can hit you
It can hurt you
Make you sore and what is more
That is not what you are here for

Watch out now, take care
Beware of soft shoe shufflers
Dancing down the sidewalks
As each unconscious sufferer
Wanders aimlessly
Beware of Maya

Watch out now, take care
Beware of greedy leaders
They take you where you should not go
While Weeping Atlas Cedars
They just want to grow, grow and grow
Beware of darkness (beware of darkness)

Great song by George Harrison.

Dream and reality

Ontem li o seguinte: “pensa em 3 coisas que absolutamente não queres deixar de fazer antes de morreres. Faz a lista. 3 coisas.” Eu pensei… foi fácil. Mas depois veio a segunda parte: “o que fizeste nos últimos tempos para realizares esses objectivos? Faz a lista”. …

 

Todos nós temos sonhos, coisas que levamos no coração, na mente, e que pensamos que nos orientam no que fazemos. A maneira de ver se esses sonhos são o que realmente nos motiva, é avaliando aquilo que estamos a fazer para os atingir. Se não estás a fazer nada… é porque não é assim tão importante.

 

201611172135474752

 

 

Gentle on my mind

It’s knowin’ that your door is always open
And your path is free to walk
That makes me tend to leave my sleepin’ bag
Rolled up and stashed behind your couch
And it’s knowin’ I’m not shackled
By forgotten words and bonds
And the ink stains that have dried upon some line
That keeps you in the back roads
By the rivers of my memory
That keeps you ever gentle on my mind

It’s knowin’ that your door is always open
And your path is free to walk
That makes me tend to leave my sleepin’ bag
Rolled up and stashed behind your couch
And it’s knowin’ I’m not shackled
By forgotten words and bonds
And the ink stains that have dried upon some line
That keeps you in the back roads
By the rivers of my memory
That keeps you ever gentle on my mind
It’s not clingin’ to the rocks and ivy
Planted on their columns now that bind me
Or something that somebody said because
They thought we fit together walkin’
It’s just knowing that the world
Will not be cursing or forgiving
When I walk along some railroad track and find
That you’re movin’ on the back roads
By the rivers of my memory
And for hours you’re just gentle on my mind
Though the wheat fields and the clothes lines
And the junkyards and the highways come between us
And some other woman’s cryin’ to her mother
‘Cause she turned and I was gone
I still might run in silence
Tears of joy might stain my face
And the summer sun might burn me till I’m blind
But not to where I cannot see
You walkin’ on the back roads
By the rivers flowin’ gentle on my mind
I dip my cup of soup back from a gurglin’ cracklin’ cauldron
In some train yard
My beard a rustlin’ coal pile
And a dirty hat pulled low across my face
Through cupped hands ‘round a tin can
I pretend to hold you to my breast and find
That you’re waitin’ from the back roads
By the rivers of my memory
Ever smilin’, ever gentle on my mind

 

Das decisões

Dizemos que as decisões que tomamos estão habitualmente marcadas por uma visão, por aquilo que queremos que aconteça ou que pensamos que vai acontecer. Mas esta visão nunca é “pura”; está enviesada pela capacidade de compreensão da realidade actual. Isto é bastante óbvio, dirás, porque não temos outro ponto de partida que não seja a realidade actual. Sim.

É aqui que está a questão: como leio a realidade? Como construo a compreensão de quem sou eu (e as minhas circunstâncias)? Como me liberto da limitação de procurar aquilo que confirma o que penso e de rejeitar o que o nega ou contradiz? (Sim, isto acontece a todos)

As decisões levam com os adjetivos, mas o problema está no pensamento que nos leva até elas.

A decisão é fácil. Difícil é o que acontece antes e depois – viver com as consequências da decisão tomada.

Pronto. Já podem ir para dentro que está frio. Adeus.

Tenho que acabar com isto…

Tenho que acabar com a falta de tempo para escrever. Gosto de escrever. Divirto-me a escrever. Sei que os meus textos são fraquinhos, mas não estou preocupado com a fraquinhez (toma lá um neologismo, como quem se contradiz na mesma frase) daquilo que escrevo.

Tenho que acabar com a falta de tempo para escrever. Gosto de escrever. Divirto-me a escrever. Sei que os meus textos são fraquinhos, mas não estou preocupado com a fraquinhez (toma lá um neologismo, como quem se contradiz na mesma frase) daquilo que escrevo.

Longe vai o dia em que escrevi neste meio pela última vez. Nem vou ver a data. Mas sei que é muito. Mais do que 1 semana… But, then again, who’s couting? Tu, caro único leitor deste brilhante-e-ignorado-espaço, sei que não estás. O outro que falta, eu, também não. Pronto. Mais um parágrafo inútil. Adiante.

Muito vai acontecendo, no meu reino de parvoíce bebida a tragos lentos (um momento surrealista! não estavas à espera desta, pois não?). Podia dizer coisas sobre os certos e sucessivos sinais que surgem sem serem solicitados. (pimba! uma aliteraçãozinha só para dizer: “aqui estou eu”) Mas iria maçar-te, porque são coisas verdadeiramente desinteressantes e, de uma maneira geral, aborrecidas (e acabo este brilhante parágrafo com uma tautologia. sou um mestre do inutilismo).

Bem, todas estas palavras para dizer que por aqui o tempo vai assim.

I sunshine mixed with hurricane

 

Uma linda e familiar palavra: procrastinação

Equívoco: Tu procrastinas porque és preguiçoso e não consegues gerir bem o teu tempo.

Verdade: A procrastinação é alimentada pela fraqueza perante um impulso e pelo falhanço de pensar sobre pensar.

A verdade é que acabamos por escolher, na maioria das vezes, aquilo de que mais gostamos, o que nos sabe melhor no momento.

nualan: Procrastinar o no procrastinar